Não te preocupes em me decifrar,
sou costurado com a linha da ambigüidade,
vestido de discursos de calar.
Não procure em mim suas verdades
minha bainha não foi feita,
toco em todas as texturas.
Minha cor não foi eleita,
sou camaleão sem cura.
Sou verso de intuição,
pergunta possível,
tentativa de explicação.
Meu verso é repleto de possibilidades,
não possuo seqüência,
não possuo métrica.
Sou cúmplice da dualidade,
rima anacrônica perdida na realidade.
Não te preocupes em me decifrar.
(Gabriela Marcondes)
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