quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Luz da Noite













Minuciosamente o relógio aponta um ângulo de 90° graus.
90° graus do lado oposto.
É noite,
Hora de celebrar meus pensamentos.
Proponho um brinde!
Brindo o silêncio que me permite sorrateiramente...
concatenar palavras.
O estouro da garrafa de champagne,
a taça, a espuma hipnotizando...
um bom e velho blues no rádio.
Cenário perfeito para "poetisar".
Abro a janela e um vento catabático invade sem pedir licença.
Me toma, me toca, induz ao suspiro.
No céu, um olho brilhante me observa,
único, sublime, feiticeiro.
Me rendo às quimeras da noite.
Noite...
Desejo dos amantes, dos músicos, dos solitários.
Procurada, desejada e odiada,
a mais misteriosa e enigmática das mulheres.
Noite longa para os que a esperam,
efêmera aos que dela degustam.
Enquanto adoço a boca, ela passa,
enquanto escrevo, ela passa...
dança, brinca, disfarça.
Meus pensamentos fogem do foco,
tomam um atalho inesperado.
Me pego esperando o telefone tocar...
desvio o olhar quase conseguindo enganar.
Instinto, audácia, anelo...
Me ponho a viajar nas escalas do indevido.
Perigo!
Pensamentos inconstantes,
saudade intolerante...
Hora de respirar.
E num instante racional e sutil penso:
Hora de parar.

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