domingo, 2 de dezembro de 2012

Douradinho

Amanhece em Angra. Uma pontinha tímida e rosa surge em cima do mar horizontal. Ao longe as luzes do Tbig são ofuscadas devagar...educadamente. Toda a Ilha Grande em sua plenitude montanhosa sai da penumbra e começa a ganhar cor. O mar ainda dorme, descansa sua vida aquática com suaves tons e canções de ninar... O ventinho da manhã acorda lentamente as plantas, as árvores, as flores... Lá vem ele, o sol! Uma cúpula irradiante, envolta de muita energia a nos carregar as baterias. Ele surge como uma flor que desabrocha para total encantamento. Um filete de luz douradinho faz uma trilha até a minha casa, e num arrobo de beleza se multiplica e se faz arco-íris em meu prisma na varanda. Pequenas bolinhas coloridas bailam nas paredes da minha sala pra lá e pra cá,  me abençoando o dia. Sabiás, Tiês-Sangue, Bem-Te-Vis, Sanhaços, Maritacas, Beija-Flores, todos se aproximam e cantam em saudação! Eu, como mera expectadora, sentada ao chão e sem pretensão de interromper a fala eco-natural, só tenho a agradecer mentalmente.  

sábado, 13 de agosto de 2011

Físico

São sinos a tilintarem no céu
São raios ultra violetas em meu peito
São rosas colorindo a estrada...

É o caminhar dos poros entre os pêlos
É o olhar dançando na imaginação
É ter sede com a boca molhada...

A pele é a estrada que caminho sem pressa
A paixão é a poção mágica que bebo; e,
Bebo, bebo, bebo...

A poesia corre no corpo
Te escrevo e descrevo com detalhes
Cada gosto, cada som, cada perfume...

Solos destorcidos e acordes de blues se misturando
Vinhos seco e suave
Doce e salgado,
Loiro e grisalho...

Todo o meu amor é seu.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sonora

Meu capacitor não conclui
e tal dúvida me remete à questão.

Não sei bem se são os rifles
se é a voz rouca e renitente
se é a marcação baixa
ou as batidas a cintilarem meus instintos.

Não sei nem ao menos
se é o ritmo ou a atitude
que leva meu corpo a falar.

Tudo o que sei,
que isso é apenas Rock 'n Roll
e é disso que meus ouvidos gostam.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Minha Sintonia

É aquela que vem
Que não avisa
Que convém por não te ter
Que ela mesma, a saudade, se anuncia

É ela que me corrói
Que come na mão das horas
Que divagam em minha parede
Minuto a minuto a ter sede de você

Meu médico, minha bula, minha cura
Meu arquiteto do vento
Que em seus olhos me atento
E quente...me rendo...

Lábios incansáveis
Desejos imensuráveis
Vertigem, viagem
Sonhos, delírios, realidade.

Me encaixo
Me acho
Me parto ao meio
No abraço, na pegada...

Ai, a pegada...!
Firme, faceira, carinhosa
Que desvia do espinho da rosa
E levita em seu perfume por toda a noite

E depois de tudo
Ouvir o violão ou violino,
Descansar em seu colo de menino,
pra todo o sempre

Na rede, na praia, na grama
Onde quer que se faça
É a paixão que me chama
Pro endereço que é só seu

Só seu pra me levar...

Fabíola 

Eu quero sim

Eu posso estar em devaneio. E talvez, estar como Cazuza cantou “esperando alguém que caiba nos meus sonhos”, mas a verdade é que, estou mesmo! E quando você vier...

Quero uma rede na varanda
Um banho de lua
Ouvir a vida na viola.

Quero um sorriso sem hora
Uma desculpa esfarrapada que não cola
Um olhar encontrado no verde das montanhas

Quero em ti, uma criança brincando
Um adulto zoando tanto quanto
Uma lágrima de saudade

Quero inocência e maldade
Um Blues na meia-noite
Uma ligação pra me chamar...de linda da tarde

Quero entrar na festa errada
Andar fora da calçada
E rir. Dar muita risada.

Quero conhecer música
E mostrar música
Quero ser a sua música.

Quero poesias lascivas no chuveiro
e castas no silêncio do amanhecer
Quero deixar a poesia prevalecer.

Quero freios que parem meu jipe
E surpresas em coisas simples
Um bilhetinho colorido
Um eu te amo baixinho no pé do ouvido

Quero todos os sorrisos e carinhos
Tudo isso e mais um pouquinho
Tudo em você pra mim
Tudo pra você de mim.

Fabíola

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Eleições 2010 ou Provocações?

Hoje me peguei assistindo novamente a TV que me jogava a cara o horário eleitoral. Me perguntei porque ainda perdia meu tempo assistindo a um programa de comédia barata e de total mal gosto. Uma chuva de caras de pau que se comprometem a nos persuadir com argumentos fáceis, repetitivos, e sem a mínima preocupação com a verdade. Começo a ver que o cargo de governante e representante do país é uma saída para quem não quer disputar a miséria de fim de carreira. Tiririca, Romário, Bebeto, sem contar com os “Zés das coves” que se pré-dispõem a governar um estado, um país, sem a menor trajetória de história política e que botam a cara pra bater subestimando nossa capacidade e discernimento. Nos cospem a cara nossa burrice e riem da nossa ingenuidade. E o que pensa você leitor? Ou não pensa? Ou você é daquele que diz não se importar com o resultado porque ganhou R$100,00 para votar no Zé das coves? Se for assim, além de inconseqüente você é burro mesmo. É uma questão de matemática. Você recebe três dígitos em um dia, (fácil não?) e ele ganha quatro dígitos 12 meses no ano durante 4 anos!!! E o pior, a vala negra que tem na sua rua, permanece lá, a doença assola sua família e você não tem atendimento médico, seu salário continua não dando para o que assegura o Art. 5° da constituição, sua dignidade se esvai e tudo isso por conta dos 3 dígitos que você tomou de cerveja naquele dia mesmo e que já nem se lembra mais...

Ora, ora leitor! Não sejas cego o suficiente para não perceber que tudo que dá errado é por sua culpa. Isso mesmo “sua” culpa. Votar não é uma diversão! Votar, é decidir o rumo de nossas vidas. Me espanta saber que a maioria dos novos eleitores são talvez piores, pois, com a ineficiência da educação em nosso país, o voto consciente fica cada vez mais longe de se efetivar. Nas periferias, em rodas de jovens entre 18 e 25 anos, o dia do voto é visto como o dia de se ir à praia, e o pior, não sabem sequer quem são os candidatos do ano, senão o Tiririca que por sinal, é apontado pelas pesquisas como o candidato mais cotado do estado de São Paulo.

Com isso tudo, me pergunto onde está o cérebro dessas pessoas. Se é que eles o tem não é mesmo? Como já dizia o Raul: “...falta de cultura pra cuspir na estrutura.”

Até quando vamos ter que explicar a maioria do povo brasileiro que para mudar o rumo da estória temos que ser pensantes? Será que é tão difícil assim?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

DIA DOS NAMORADOS (Crônica)

Ao ler o título, nos vêm logo à cabeça casais se beijando, desenhos de corações vermelho vibrante, bombons, flores, anúncios de TV, lago com patinhos...sei lá! Porém, como contos de fadas só existem nos livros, o que efetivamente pode acontecer neste dia é um tanto quanto diferente e curioso.

Raciocine comigo companheiro leitor, e veja como pode (essa imagem dos patinhos, do coração sei lá mais o que...) tal data se tornar um teste de paciência.

- Oi meu amor, hoje é nosso dia! O que vamos fazer ein???
- Podemos sair pra jantar e depois tomar um vinho e fazermos amor bem gostoso, o que acha?

Pronto! Está formado o caos!
Parece que todos os casais do mundo resolveram pensar, falar e fazer a mesma coisa simultaneamente! Acho que forma uma espécie de instinto coletivo sabe?
Se eu quisesse dar outro título a essa crônica, o daria de “O Dia das Filas”. É fila pra todo lado. Restaurantes, bares, cinemas, shows, botecos, lanchonetes, tudo! Até aí, o termômetro que mede a temperatura da sua tolerância ainda está se contendo, afinal, a noite está só começando e a intenção é deleitar-se...
Após enfrentar a fila, você e seu par conseguem sentar-se. Os agravantes começam a surgir. O garçom já suado e com semblante tenso parece enxergar tudo, menos a sua mesa. Com sede, vocês já pensam em usar o poder da mente pra ele errar o pedido de mesa e trazer aquele par de tulipas loiras e convidativas que estão em sua bandeja. Após 10 minutos (e isso pra quem já estava há uma hora na fila do lado de fora parece uma encarnação) ele se aproxima. Vocês pedem o chopp e ele sai deixando vocês com a outra parte do pedido na ponta da língua. Ele demora, enquanto isso vocês fazem juras de amor e tentam não pensar na sede e na fome que estão sentindo. Ele vem, vocês fazem o pedido, vocês jantam, conversam, brincam, e pedem a conta. Com o corpo quente, vocês pensam no fechamento triunfal da noite.

- Vamos amor, vamos pegar um motelzinho e fazer amor, vamos...

Com aquele sorrisinho sacana no canto da boca vocês pegam a Av. Brasil em busca do letreiro luminoso mais desejado deste dia. Ao avistar o primeiro, vocês imbicam o carro na certeza de que agora é com vocês. De repente surge uma figura “corta clima” de casaco e boné com as duas mãos elevadas fazendo linguagem de sinais querendo dizer sutilmente: “vaza que aqui tá cheio!”. Vocês dão ré e acham graça. Parte para o próximo. Novamente surge uma figura que parece ter sido clonada da outra repetindo em sinais a mensagem do “vaza...”. Vocês, contendo o termômetro, novamente seguem em frente.
No próximo, outra figura, que agora já parece onipresente, surge à frente do carro novamente. Na hora vocês pensam: -como vamos nos enfiar em qualquer lugar num frio desses??? Porque neste momento já se está pensando num “plano b” para terminar a noite com chave de ouro a qualquer preço.
Mas...como Deus zela pelo amor e pela felicidade geral da nação, após umas dez tentativas, vocês acham uma única vaguinha que parecia estar esperando exclusivamente por vocês. Aí é hora do termômetro deixar de conter-se e a temperatura subir, só que desta vez, de forma bem diferente né...!
E no momento em que se desliga o carro e desce a porta da garagem, parece que a noite não poderia ter sido mais perfeita...

Po, dá pra diminuírem o volume da campainha do quarto do motel?

Meu presente

Entretida em meus pensamentos
escrevo e descrevo o que me faz assim...
apaixonadamente sua.
Seu jeito de na minha mão esquerda pegar;
seu abraço que me tira a chance de tentar escapar;
seus beijos que me remetem à nuvem mais quente...
Te amar, é caminhar descalça sobre a grama molhada de orvalho;
é estar adornada de vestido leve que me permita correr livremente pra ti;
é ter nos olhos o brilho da lua e as cores botânicas do jardim mais florido;
é ter a paz do amanhecer montanhoso da região serrana no inverno;
é ter música aos ouvidos quando diz que me ama...
Ter você, é ter o universo no enlace de um abraço;
é perceber o quanto a vida é mais bela e completa
ao seu lado.
Ter você é ter o presente mais simples, dócil e bonito
vindo diretamente do coração dos céus pra mim.
E é por isso, e por tudo o que não consigo explicar
que eu te amo, simplesmente amo!

domingo, 3 de maio de 2009

Gente

Aqui, lá, acolá
Por todo lugar...
A se movimentar está.


Gente que se arrisca;
Imprudente.




Que se apaixona;
perdidamente.










Que se expõe;
Indecente.




Que rouba sonhos;
Delinqüente.






Que quebra a cabeça;
Inteligente.



Que digladia;
Insolente







Gente que implora por gente;
Carente.







Gente que quer, quer, quer...;
Incessantemente.







Gente que ora às seis horas;
Religiosamente




Que não corre, apenas caminha;
Calmamente








Gente que sorri;
Só ri








Gente que não é gente;
Indigente






Gente que se abraça;
Fraternalmente


Gente autoritária,
Gente que manda e desmanda;
Intransigente









Que ama e simplesmente ama;
Incondicionalmente





Gente que gera gentileza;
Bondosamente









Gente que toca, que dança,
que exala notas e encanta;
Musicalmente



Gente feliz,
Que não espera,
Que faz acontecer







Que ama a si e reverencia a vida,
Diariamente







Gente...

como a gente.







Ilustrado por Sandro Farias.


Tim Tim

Amo a vida
brindo a vinda
dos raios de sol
dos dias em prol
do bem que me faz zen
Ouço reggae
danço e canto alegre
brinco de ser criança
Não quero ouro
nem tão pouco o vil metal
Quero paz,
quero amor
rolar na grama
Abraçar o que me ama
e ao mal não dar ousadia
nem de noite
nem de dia...
Quero amizade
intimidade
Quero a pureza
que vem da beleza
de ser do bem!
Um brinde
aos puros de coração
que não deixam a vida passar em vão.
Tim Tim!