segunda-feira, 19 de julho de 2010

DIA DOS NAMORADOS (Crônica)

Ao ler o título, nos vêm logo à cabeça casais se beijando, desenhos de corações vermelho vibrante, bombons, flores, anúncios de TV, lago com patinhos...sei lá! Porém, como contos de fadas só existem nos livros, o que efetivamente pode acontecer neste dia é um tanto quanto diferente e curioso.

Raciocine comigo companheiro leitor, e veja como pode (essa imagem dos patinhos, do coração sei lá mais o que...) tal data se tornar um teste de paciência.

- Oi meu amor, hoje é nosso dia! O que vamos fazer ein???
- Podemos sair pra jantar e depois tomar um vinho e fazermos amor bem gostoso, o que acha?

Pronto! Está formado o caos!
Parece que todos os casais do mundo resolveram pensar, falar e fazer a mesma coisa simultaneamente! Acho que forma uma espécie de instinto coletivo sabe?
Se eu quisesse dar outro título a essa crônica, o daria de “O Dia das Filas”. É fila pra todo lado. Restaurantes, bares, cinemas, shows, botecos, lanchonetes, tudo! Até aí, o termômetro que mede a temperatura da sua tolerância ainda está se contendo, afinal, a noite está só começando e a intenção é deleitar-se...
Após enfrentar a fila, você e seu par conseguem sentar-se. Os agravantes começam a surgir. O garçom já suado e com semblante tenso parece enxergar tudo, menos a sua mesa. Com sede, vocês já pensam em usar o poder da mente pra ele errar o pedido de mesa e trazer aquele par de tulipas loiras e convidativas que estão em sua bandeja. Após 10 minutos (e isso pra quem já estava há uma hora na fila do lado de fora parece uma encarnação) ele se aproxima. Vocês pedem o chopp e ele sai deixando vocês com a outra parte do pedido na ponta da língua. Ele demora, enquanto isso vocês fazem juras de amor e tentam não pensar na sede e na fome que estão sentindo. Ele vem, vocês fazem o pedido, vocês jantam, conversam, brincam, e pedem a conta. Com o corpo quente, vocês pensam no fechamento triunfal da noite.

- Vamos amor, vamos pegar um motelzinho e fazer amor, vamos...

Com aquele sorrisinho sacana no canto da boca vocês pegam a Av. Brasil em busca do letreiro luminoso mais desejado deste dia. Ao avistar o primeiro, vocês imbicam o carro na certeza de que agora é com vocês. De repente surge uma figura “corta clima” de casaco e boné com as duas mãos elevadas fazendo linguagem de sinais querendo dizer sutilmente: “vaza que aqui tá cheio!”. Vocês dão ré e acham graça. Parte para o próximo. Novamente surge uma figura que parece ter sido clonada da outra repetindo em sinais a mensagem do “vaza...”. Vocês, contendo o termômetro, novamente seguem em frente.
No próximo, outra figura, que agora já parece onipresente, surge à frente do carro novamente. Na hora vocês pensam: -como vamos nos enfiar em qualquer lugar num frio desses??? Porque neste momento já se está pensando num “plano b” para terminar a noite com chave de ouro a qualquer preço.
Mas...como Deus zela pelo amor e pela felicidade geral da nação, após umas dez tentativas, vocês acham uma única vaguinha que parecia estar esperando exclusivamente por vocês. Aí é hora do termômetro deixar de conter-se e a temperatura subir, só que desta vez, de forma bem diferente né...!
E no momento em que se desliga o carro e desce a porta da garagem, parece que a noite não poderia ter sido mais perfeita...

Po, dá pra diminuírem o volume da campainha do quarto do motel?

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