quarta-feira, 16 de abril de 2008

Inverso do verso

Eu sou o verso cantado
o inverso malgrado
a nota macia e harmônica
a sílaba tônica
da palavra poesia.
Sou rosa galanteada
de espinhos adornada
para me defender.
Sou dúvida ativa
e diva,
de sorriso largo e olhos amendoados.
Sou mutante,
camaleoa,
a teimosia em pessoa
que dispensa o insignificante.
Sou leveza, pureza e maldade
que engendra momentos de felicidade
e devora a castidade.
Sou judas,
que trai a minha própria santidade
me entregando à vontade
aos beijos de volúpia.
Não sou quebra-cabeças
pois não tenho início,
nem fim,
então, não tentes me prender em mim.
Sou pássaro livre
que outros horizontes avista e almeja
na certeza de chegar.
Não sou patricinha
nem qualquer coisinha
sou colcha de retalhos, popular
reciclável e colorida
um pouco moderna
um pouco antiga
graciosa e criativa.
Não sou só
nem acompanhada
sou de onde tiver vida,
oxigênio, alegria.
Sou inteira e não dividida.
E não descarto,
se um dia de fato
no imerso universo da rotina
eu ser o inverso
o contrário,
do meu próprio verso.

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