terça-feira, 29 de abril de 2008

Eólico












O vento eriça meus cabelos

E é ele quem vos fala.

Mas não é só minha tão bela dádiva.

As copas das árvores

felizes,

se põem a balançar.

Soltam suas folhas filhas

a rodopiarem pelo ar

Cata-ventos de luar.

Sempre artista

faz do céu, lar.

Usa portas e janelas para assobiar

ou, um bater replicante de telhas

a me chatear.

Na noite de hoje,

agradável, quente, coisa rara.

Em muitas outras

cortante, implicante

a me congelar.

Com você,

a terra é vida, movimento.

As aves se põem a planar;

o barco a velejar;

a areia a cegar;

a energia inteligente a gerar;

o mensageiro a tocar;

e tudo o mais ser

sensível,

singular.



quarta-feira, 16 de abril de 2008

Inverso do verso

Eu sou o verso cantado
o inverso malgrado
a nota macia e harmônica
a sílaba tônica
da palavra poesia.
Sou rosa galanteada
de espinhos adornada
para me defender.
Sou dúvida ativa
e diva,
de sorriso largo e olhos amendoados.
Sou mutante,
camaleoa,
a teimosia em pessoa
que dispensa o insignificante.
Sou leveza, pureza e maldade
que engendra momentos de felicidade
e devora a castidade.
Sou judas,
que trai a minha própria santidade
me entregando à vontade
aos beijos de volúpia.
Não sou quebra-cabeças
pois não tenho início,
nem fim,
então, não tentes me prender em mim.
Sou pássaro livre
que outros horizontes avista e almeja
na certeza de chegar.
Não sou patricinha
nem qualquer coisinha
sou colcha de retalhos, popular
reciclável e colorida
um pouco moderna
um pouco antiga
graciosa e criativa.
Não sou só
nem acompanhada
sou de onde tiver vida,
oxigênio, alegria.
Sou inteira e não dividida.
E não descarto,
se um dia de fato
no imerso universo da rotina
eu ser o inverso
o contrário,
do meu próprio verso.